Monday, November 14, 2011

como me tornar uma pessoa pior: um plano não sucedido

( sonhou que ) acordaria às quatro da manhã e sairia de fininho da casa onde o filho dorme, porque crianças não acordam à noite afinal; ao menos o que sabia de seu filho; não ao menos nunca despertara de noite, para pensar em ir ao teatro como ela pensava, porque crianças, afinal dormem porque afinal se cansam, mas adultos não se cansam de cansar, e pensam em pensar coisas que não tinham pensado antes, difrente das crianças que como pensavam sem pensar somente dormem sem pensar, e então por isso mesmo ela pensou, quando pensou em dormir, que aquela saída seria um pulo do gato necessário para que às seis da manhã ela regressasse à sua casa, sendo já outra agora, como se acordada cedo demais para fazer o bolo quente para o filho ( o que de fato fez, era pessoa direita) caso mais algum testemunho policial fosse feito pelo ex-marido para delatar que ela a pessoa em questão, não era pessoa direita. afinal, ela agora ocupava todas as funções de mãe, ( alterada ou não) , empregada da casa ( alterada e não) e empregada de outros lugares ( alterada e não) , e fazer arte não fazia parte desse sonho ( alterado e não) porque afinal a realidade, ah a realidade a ocupava por demais mesmo quando em sonhos quando colada naquela cama ainda a mesma que dormia com o pai destes filhos, ela que mal se mexia porque sabia que ainda andava em terreno minado, e que todas as bombas as lembranças tanto as piores quanto quaisquer outras podiam vir a cada noite, e vinham, e ela sonhou por exemplo que escorregava e que no caminho então beijava a vizinha que tinha dito a ela, que havia dito no emprego que era lésbica para que a deixassem em paz, o que na sua inocência ( falsa ou não ) despertara ainda mais o desejo por ela nos que as rodeavam, e ela pensou, e porque dizer isso,afinal no que ser de fato lésbica excluiria qualquer fantasia, e então em sonhos a beijava, e sua família a estranhava, mais uma vez e como sempre era e cada vez mais distante. e não foste ao teatro porque afinal o medo tomou conta porque afinal sair na noite escura e se acontecesse aquilo que o
( falso ou não) amigo lhe dissera que a qualquer ora poderia ser encontrada por ai, em algum canto de alguma rua, e ouvir isso foi um pesadelo, porque afinal ela de fato descobria a cidade assim andando por aí, e nunca lhe ocorrera o mal, porque é isso que acontece com meninas que saem por aí, isso era ele que dizia, e que nada ela sabia, e então é assim que ela aceitava o pitaco dos outros ( de verdade ou não) porque afinal, ela se programava já para outra saída, dessas que não se diz por aí, mas que se vai simplesmente porque se cansa de ser a menina boazinha afinal, num momento da vida, e se programa mesmo a maior aventura com o café como nesta manhã do dia seguinte, em que prepara o bolo e não se lembra do roteiro adequado mais para se viver de verdade, mas porque afinal as aparências finalmente não enganam e porque ela não despertou no meio da noite desta cama, mas ao contraerio pensou a noite toda em como seria se isso acontecesse e ao contrário, o que aconteceu de fato, foi que acordou logo cedo com a claridade da manhã vinda da janela entreaberta que deixou, e fez o bolo, que cresceu lindamente, e agora enquanto o filho dorme, escreve e depois meditou e organizou o dia, imaginou os próximos empregos, as próximas vontades, e como faria nisso tudo, mas antes leu os jornais, sabendo que uma grande parte dela ainda se via aprisionada ao velho modelo, de ser uma pessoa feliz e perfeita, e que para se tornar realmente uma pessoa pior teria que enfrentar mais uma vez, com outra chave, num outro dia, talvez todos esses a que se referia, como o amigo, a ex-sogra, os livros de auto ajuda, os filhos, o ex-marido, a vida, a vida. Porque por enquanto ela ainda fazia de tudo para tornar os dias perfeitos, e de vez em quando isso acontece, mesmo que falsamente ou não, como querem os outros, os dias perfeitos, mesmo que ela se exaspere de fato entre eles, a todo o momento, como leões a enfrentar que não enfrenta, até que se tornem gatinhos mansos e sorriam para ela.

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