Monday, January 16, 2012

no parque e em casa

os brinquedos aguardam molhados pela chuva as crianças que vem. o dia mal começa. crianças dormem. brincam. pais fazem planos. insatisfeitos. inoperantes. mulheres vagam, caminham satisfeitas com seus mundos particulares. talvez. não se sabe. o melhor momento é esse. sem a câmera registro as imagens mais belas. na tentativa primeira. o grupo de patos, o urubú ciscando. a ordem natural das coisas. pessoas aguardam o começo do dia. malabaristas treinam. a cabeça do dragão no chão com plumas deitadas. o menino chinês passa perto enquanto a mãe sorri para ele, delonge. meu filho, ela diz. alguns fotógrafos aproveitam a cena. eles não sabem que eu estava alí, mas eu os ví, a procurar um sentido oculto no aparente visível. risível, tão pouco o que nos cabe? o suficiente talvez. ninguém registra o momento como eu o agora, a olhar. cursos de fotografia. como se servisse, já fiz tantos, me lembro do meu amigo que se foi, tão reapido sinval como um clique, aprender a olhar a chuva e a me sentir presente na espera, as poças de água, alí, como agora. amar esse tempo, que não é nada, ou mesmo uma imagem fotográfica que não se faz possível. o emprego, as contas tudo antes, a vida pra depois? não. se a pergunta é, mas quando? o filho esperando o quente na mão, comida de alma a 1,99. o ano novo chinês. o filho que se vai o outro que permanece. viagem amigos eu , não. beckett. eu não pude ver a apresentação. compro o ovo rapidamente e volto para casa. três ligações e este momento presente se vai, comos e obrigações fossem sagradas, alimentar o corpo, mas não o espírito. então volto, sei que não andarão de novo neste parque comigo, e mesmo assim volto. não estou desgostosa, sei que o momento não se repete. não guardo esperanças. apenas volto. o ar no rosto, o corpo agilizado. cheguei. estou em casa.
horas depois, quando o outro acorde, araiva o desgosto de novo por não ser quem eu sou. o almoço os olhares descruzados, os sentimentos tortos. desvença separação. prisão. isto é triste. mas não choro não. ainda me lembro do verde dos olhar, mesmo quando as lágrimas escorrem, eu sei, que tudo há de ser limpo pelo ar.

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