Wednesday, March 10, 2010

12:09

no dia seguinte ou dias depois numa manhã ensolarada ela percorreu a pequena rua em busca daquele mesmo lugar que não havia encontrado dias atrás, agora de posse do seu número para não falhar a tarefa e tal não foi a constatação, o lugar era exatamente aquele de dentro do qual escutou um piano tocar. o mesmo de onde tinha se sentado do lado de fora, onde pode ver a sí mesma como aquele alguém lá dentro treinando sua sensibilidade e lhe tocando os ouvidos e era apenas um portão de ferro que os separava, e curioso foi estar dentro, e notar o piano alí agora quieto. estaria fazendo parte da exposição de trabalhos, sim era uma reunião de amigos artistas, dos quais muitos conhecía. e se dispôs a trazer seus trabalhos alí e desta forma curiosa, não estaria mais do lado de fora. era como se estivesse de certa forma revirando as tripas, trazendo para fora o que tinha dentro ou vestindo as meias finas e furadas do lado contrário sem nem se importar, nem com o erro e a costura aparente, parece que era na justaposição do desencontro que a fatalidade da vida se abria. aquilo tudo era para ela como uma revelação com tanto de sangue quanto uma bomba fria com ar quente do dia. como quando queimou seus pés e comeu o macarrão à luz de velas na beira da pia no fim daquele mesmo dia.

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