Friday, April 16, 2010

sobre

a demora no tempo. carrego pedras no meu carro. esperam a aceitação da sua ( des)importância. Permanecidas pedras. Permanencia e transitoriedade. Dentro do carro, vou a lugares. nos lugares no entanto gostaria de habitar-me de pedras para estar neles e perceber a desimportância do ser também. Me acomodar, no sentido de achar o lugar.

Já o desconforto me acomete com mais frequência e a pergunta tamanha da vida me assombrando e me desolando as vontades.

foi de tanto ler poesia que fiquei assim.

a graça de inventar palavras.


foi de tanto não fazer que assim fiquei. sim, porque a demora nas coisas do fazer também traz permanências mais iguais ao tempo, nos amolda mais pra dentro do tempo, esse que faz passagem sem cessar todo o tempo. eu queria me demorar nas pedras. no meu aniversário, me dei de presente uma pedra. onde se empilhavam me pediam mais que a imediatez das coisas ou pessoas requisitadas, (como um sujeito que me apressava que eu o visse vendo a si mesmo na complexa imcompletude ansiosa de dois narcisos incorrigíveis ). e eu ainda guardo as pedras numa caixa, de dentro da sua humidade me transporto mais do que quando passo rápido por carros na avenida. coisa que gosto é da demora, mesmo que a impaciência seja o que mais me acometa. Ou talvez por isto mesmo.
etalvez a humidade fique melhor sem h, umidade, isso, nao como homem ou herói, que ainda precisam de algo antes. a umidade se apresenta assim, úmida.

De manoel de barros. as coisas mais bonitas são as que não existem.

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