Thursday, July 29, 2010

objetos roubados

depois que ganhei os dois volumes das mil e uma noites deixei a frente do rádio do meu carro numa sacola dentro de um táxi, que peguei para proteger os livros da chuva forte que caía na volta da feira de livros onde não comprei nada porque tinha ganho os livros. contava isso para mim, num desespero consolador pois haviam dois livros alí, o uó do nuno ramos e um outro do benedito nunes que queria muito ter comprado e com muito gosto leria mesmo apesar dessas mil e uma noites as quais só lí para consumar um fato, ams logo perdendo o interesse real, pois não podia deixar de pensar na perda e no ganho e do que gostei foi do professor me autografar suas edições premiadas pela tradução direto do árabe e outros ramos, o sírio entre eles, e ter escrito alí, essas noites em claro, para a patrícia, escrevendo alí meu nome, enquanto uma aluna sua lhe esperava na sala confortável com uma poltrona de couro, e eu alí, aflita e desajeitada a agradecer a não mais valer, e é um processo este da gente achar que merece o presente, e tudo por uma sacola numa mesa, que eu pensei ser de mulher, e de algumas horas antes, ter entrado num sebo da cidade e de me deparar com as edições daquele professor palestrante do módulo do curso de tradução, que contou, quando eu ainda morava no apartamento dos sonhos, um pouco antes de se tornar o mote de pesadelos, abandonos, traições e alegrias nenhumas, então ele dizendo que o livro lhe parecia quase pornográfico, em alguns momentos, então talvez por isso eu tenha corado quando recebí o livro das suas mãos. Então não podendo comprar o livro no sebo, com a desculpa que invento quando não quero tirar tostão algum do bolso, numa miséria sem fim nem começo, de perdas de oportunidade, eu desta vez num ímpeto qualquer de que nada iria perder, ao vê-lo vir buscar a bolsa de cima da mesa ao lado da minha, eu disse, acabo de ver seu livro num sebo e me lembrei da sua aula, quando então ele me oferece suas edições, e me pergunta quais volumes eu desejo, todos, eu digo para mim mesma, bem eu não sei bem, digo para ele, e então ele escreve no guardanapo de papel branco e fico, onde garotos enrolam seus fumos provavelmente e eu escrevo meus eternos ensaios conceituais, coloca alí seu telefone ou email não me lembro bem, e me diz, me escreva, e aquele acontecimento, finalmente um acontecimento dentro de dias iguais e seguidos, onde eu só invento manobras para me deixarem no mesmo lugar, eu agradecida, e feliz, saio satisfeita com o impulso vingado, imaginando mil e uma traições e desejos a serem satisfeitos naquelas noites, e um professor, que era só mesmo um tanto gentil, amável e casado, muito provavelmente. então de novo, retornando para o mesmo lugar, tendo sido levados rádio e material das aulas de espanhol que fazia, eu guardando os livros que não leio, pois que mais eu prefiro ter as coisas e depois de um tempo saber que podem ser processadas numa leitura ou algum outro uso. ao mesmo tempo, a bicicleta ganha de presente levada por um pivete de rua, o que acontece, sabemos, mas não exatamente no momento em que você decide não ir para casa e chegar alí tranquila, esfriar a cabeça, colocar as idéias no lugar, mas ao invés você se desvia do caminho e entra numa biblioteca pública para enviar uma ameaça via eletrônica enquanto lhe levam a paz do passeio, a bicicleta, e um boletim de ocorrência, guardas em horário de almoço, a demora, o prédio sendo alvo dos infortúnios da vida, ora isto, ora empregadas domésticas, oras oficiais de justiça, assim ele me trai e leva junto de sí o juízo, o afeto, e ficam travadas as disputas judiciais, e assim a vida, tirana, os dias em que vivo a temer pelo que tenho, pelo que tive, pois já nada me cabe e se tenho por medo ou inveja de mim mesma, como disse um terapeuta que me atendeu por anos seguidos até que numa semana uma gripe o pegou e sendo ele diabético, não resistiu e assim foi, desta maneira o recebimento da ligação da secretária a pedido dele, antes de partir, que assim fosse, me avisando no mesmo dia o motivo do cancelamento da sessão como se por lapso do destino e não por vonatde própria aquilo tivesse que ocorrer assim, desta forma, insólita.

1 comment:

Iluminação said...

Somente cada um sabe sua necessidade, desistir jamais, surpreender sempre, lutar constantemente, desanimar nem pensar...
Em frente é o lema, persistir é a rotina, viver é o necessário...portanto siga em frente e pense que só VC é por Vc mesma...reflita profundamente! Foi um prazer conhecê-la.
Att
Lílian