tenho que juntar hoje todos os meus pertences de arte. desenhos em papéis pequenos, xerox, fotografias, escritos, caderninhos, algumas inscrições de imagens, registros enfim, da vida. me pergunto se quero algo para além da experiência do viver.
persistem as mesmas observações , pequenos delitos, sempre.
de onde extraio um pouco da arte. que é um modo de perceber , ou um outro modo de fazer.
como ontem, ouvindo sérgio camargo, ( se meu pai fosse pedra..curta metragem no festival de curtas ) dizendo que cortava uma maçã, e se emocionou com um corte, com uma falha que aconteceu. percebendo isso, ele dizia, foi pro atelier trabalhar isto, e aí se vêem a origem daqueles módulos todos brancusianos, a lisura dos mármores brancos e negros, a intimidade neles sendo lixados, lavados, e depois colocados, recolocados, e ai ele diz que em tudo há estrutura, na natureza toda, e assim é o seu pensar. (ele que era amigo bachelard!!)
também aconteceu comigo. um dia anterior. eu fazendo bolos de maças, e as maças de repente me olhavam quietas em sua inteireza, e eu fui olhar isto. modelei maças, em papel alumínio, quis entrar nesse universo, em suas intimiddes e reeentrânicas, a maça para mim, é outra coisa.
por outro lado o documentário falava da relação com a filha, os netos aparecendo junto e brincando com uma escultura dele, uma que girava , aúnica, no jardim da casa. que era um artista mas também uma pessoa. pensei no meu pai, no que restará dele em mim, qunado ele se for. eu que estaria em casa, e havi dito, eu vou falar com meu pai hoje, mas não, saio de casa, e vou me lembrar do meu pai em outras filhas. naquilo que sou, me esqueço, muitas vezes.
meu pai, vou me lembrar como sempre, dos passarinhos pela manhã ou pela noite, um gosto de silêncio, uma vergonha da prória sensibilidade, traduzida tantas vezes em arrogância irˆnica. ele lendo aquelas palavras, da necessidade dos inimigos e dos amigos. vitor hugo, que ele escolheu ler. para sempre. dias depois leio num livro de yoga/ de røse/ os inimigos servem para criarmos raízes, e os amigos, para verem cresceros brotos e colherem os frutos.
a gente sabe da necessidade dos dois.
mamãe que me perdoe, pela relação ressentida que ficou entre os dois, mas este é meu pai,e dele guardo tanto guardo a avareza, assim como dela, confesso, gosto até um pouco.
então diria uma palavra que não existe, invento uma agora: parescência( uma palavra que se tivesse origem seria com certeza, mineira, como meu pai. que fazer, a admiração existe. porque ele é assim, e este é meu pai.
queijo no bolso. chocolates no fundo da geladeira. prazeres secretos das coisas sagradas e escondida dos outros e de sí, talvez.
atrasada para a cozinha de hoje, satóri. um pouco de iluminação, menos melancolia, por favor.
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