uma coisa é a lagarta andando molemente sobre o asfalto. vi tantas hoje, umas depois se enrolaram e ficaram assim. paro e quero esse tempo, uma perna depois da outra, um passo presenciando esse passo. um tempo de ser é tão longo, esta e mil outras são todas iguais. não vou ficar aqui me encanatando comigo mesma, ela é simplesmente o que precisa ser: lagarta. como eu, duas pernas andando, pessoa, mulher, menina, roupa fresca, supermercado, havaianas e papel alumínio, da marca rochedo pode ser. assim como a pele vermelha da maçã esticada na carne branca, como se parte da carne porosa de comer. envolvo a maçã com as mãos, e entre essa pele e a carne, procuro um intervalo que não há, sendo dois corpos colados que vieram juntos já. e desde sempre. junto disso sensação de que eles esquecem fácil o que ela guarda em sí. ela precisa da pedra fria, da grama assentada, da água e dos pés para acordar e para lembrar.
mais parece um sonho, ninguém encontra minha pele quente nesse domingo de existir.
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