Tuesday, February 21, 2012

zoo

hoje eu ví um hipopótamo afundar e virar na água morna por uma tarde toda, me sentaria alí a perceber a diferença desse gesto, ou a indiferença frente aos visitantes dizendo, olha com ele é grande, ele virou para cá , olha ele fez assim, como se fosse para mim. Os animais lá nós aqui a fotografar e a falar, numalinguagem que pressupõe domínio e alguma interação. Num certo instante páro e penso, se os animais não somos nós, sendo eles todos tão naturais, e nós tão artificias quanto o suco de uva da lanchonete, que meu filho diz ao tomar, ser feito de gelatina, de tão artificial que é. Aquela de sabor artificial de uva com aroma artificial, e nos trazendo naturalmente doencas tão naturais como a diabetes e muitas outras mais.

Hoje eu ví um casal sentado no banco do parque parados, um junto ao outro, encostados,deixando o tempo parar.
Hoje eu ví como o pescoço da Ema faz para ela se esticar. Ela dava voltas num lago.

Ví um tucano e reparei no bico grosso e colorido, desproporcional e esquisito a meus olhos aflitos.

Eu vi muitas tartarugas a tomarem sol e mergulhar num pequeno lago, como se a demonstrar, olha a vida é boa, então melhor aproveitar. Eu ví um tigre branco imponente e macacos soltos fazendo algazarra. Eu ví a natureza falar. Eu ví a proximidade da civilidade com a destruição, a ignorância se aproximar de uma beleza a preservar. Eu vi salgadinhos em jaulas de animais e me entristecí do comportamento desumano a extinguir criaturas por demais ancestrais. Me encantei com dois bodes do Marrocos, e seu jeito lento, seus olhos pintados e seus chifres encurvados, a se tocar e se enfrentar. O leão marinho que não saiu do altar, úmido e grande. E nós fomos passear.

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